A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu, esta quinta-feira, um alerta para uma nova falsificação do medicamento Ozempic, um fármaco usado para a diabetes mas que também tem sido muito procurado por quem ambiciona emagrecer.
De acordo com o alerta da OMSforam detectadas falsificações deste medicamento no Brasil (em Outubro de 2023), no Reino Unido (Outubro de 2023) e nos Estados Unidos da América (Dezembro de 2023), sendo que os produtos terão entrado “na cadeia de abastecimento regulamentada”.
“O número de lote MP5E511 é genuíno, mas o produto é falsificado”, alerta a OMS, afirmando que “o número de lote LP6F832 não é reconhecido e que a combinação do número de lote NAR0074 com o número de série 430834149057 não corresponde a registos de fabrico genuínos”.
Esta é a segunda vez que a OMS emite um alerta sobre a falsificação deste medicamento, depois de, em Janeiro de 2024, ter alertado para um aumento das falsificações deste fármaco. Também em Outubro de 2023, a Agência Europeia do Medicamento tinha alertado para o facto de haver Ozempic falsificado em circulação na Europa, tendo havido várias pessoas hospitalizadas na Áustria.
Comercializado com o nome Ozempic (a substância activa é o semaglutido) pertence a um grupo de medicamentos chamados inibidores do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) que são indicados para o tratamento da hiperglicemia na diabetes tipo 2 em adultos, adolescentes e crianças com mais de 12 anos de idade. Mas tem estado a ser prescrito para pessoas que têm excesso de peso, o que tem levado à existência de perturbações na cadeia de abastecimento e de queixas de dificuldades no acesso por parte de doentes diabéticos.
Laboratório confirma falsificação
De acordo com a OMS, o laboratório Novo Nordisk, o fabricante do Ozempic, confirmou que os três produtos referidos neste alerta são falsificados: os produtos deturpam a sua identificação e origem, uma vez que não foram fabricados pela farmacêutica.
A OMS já tinha alertado anteriormente as entidades reguladoras nacionais para a necessidade de serem diligentes relativamente a alguns destes lotes e a produtos similares que têm tido bastante procura nos últimos anos em todo o mundo, fazendo inclusive disparar o PIB da Dinamarca, onde a empresa tem a sua sede.
A entidade alerta que a utilização do Ozempic falsificado pode resultar no tratamento ineficaz dos doentes devido a dosagem incorrecta, contaminação com substâncias nocivas ou utilização de ingredientes desconhecidos ou substituídos. Pode apresentar outros riscos graves para a saúde devido à sua administração por injecção subcutânea, que podem pôr em risco a vida.
A OMS pede ainda aos profissionais de saúde que estejam atentos e que comuniquem qualquer incidente de efeitos adversos, falta de eficácia e suspeita de falsificação às Autoridades Reguladoras Nacionais/Centro Nacional de Farmacovigilância.
As autoridades nacionais reguladoras de saúde são encorajadas a contactar os titulares das autorizações de introdução no mercado para aconselhamento sobre a identificação de falsificações, a aumentar a monitorização da venda informal, incluindo a venda on-line de produtos; e são aconselhadas a notificar imediatamente a OMS se identificarem estes produtos falsificados.
O PÚBLICO contactou o Infarmed para saber se em Portugal houve registo de comercialização de algum destes produtos falsificados, mas aguarda resposta.
A OMS recomenda que se alguém tiver utilizado o produto afectado ou sofrido uma reacção adversa ou efeito secundário inesperado após a sua utilização, procure imediatamente aconselhamento médico junto de um profissional de saúde. E insiste que todos os produtos médicos devem ser obtidos junto de fornecedores autorizados/licenciados.