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'Fresh frozen': quais são as regras para uso de cadáveres em cursos no Brasil?

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Especialista aponta que o uso de peças antômicas frescas é essencial para a formação de profissionais de saúde de alto nível




Método fresh frozen é considerado o melhor disponível atualmente

Método fresh frozen é considerado o melhor disponível atualmente

Foto: Divulgação/Envato Elements

Uma prática comum em cursos da área de saúde pegou de surpresa alguns usuários da internet nesta semana. Os “fresh frozen”, ou, em tradução livre para o português, “fresco congelado” são peças cadavéricas usadas por alguns centros de ensino em cursos de harmonização facial.

Embora o uso de cadáveres em cursos de saúde seja rotineiro e essencial para o ensino de anatomia e procedimentos médicos, a técnica de refrigeração da peça é superior em relação àquela feita à base de formol e salina. Conforme explica o presidente do Instituto de Treinamento em Cadáveres, Mohamad Abou Wadio “fresh frozen” preserva a coloração, textura e mobilidade dos tecidos, algo que o formol não proporciona.

Segundo ele, o método tradicional tira as condições necessárias para aprendizagem do corpo humano.

“Compromete e eficiência de uma simulação realística. Não se pode usar anatomia virtual e, em seguida, partir para operar um ser humano vivo. A diferença é muito grande. A peça anatômica fresca, sem conservantes, refrigerada abaixo de 20ºC, é o que mais se aproxima da realidade”, explica.

Regras para uso de cadáveres em cursos

No Brasil, o uso de cadáveres para fins acadêmicos é regulamentado pela Lei nº 8.501/1992, que permite a utilização de corpos não reclamados para estudos em instituições públicas de ensino. Além disso, outras leis e normas técnicas, como o Código Civil e a Lei de Transplantes, determinam que o uso de cadáveres deve respeitar a dignidade humana e os direitos do morto e de seus familiares.

Apesar das regras para que uma instituição possa usar essas peças — incluindo salas adequadas freezers controlados e anatomistas disponíveis 24 horas –, o diretor do ITC critica a legislação brasileira. Segundo ele, as normas são “arcaicas”.

“A legislação brasileira é muito arcaica. Não temos bancos de tecidos aqui, por isso dependemos de importações de bancos dos Estados Unidos, Europa e Canadá, por exemplo”, critica.

Quando não é assim, há instituições que se contentam com peças de anatomia sintéticas. “A demanda é muito maior do que a oferta de peças anatômicas. Existem cursos que se contentam com anatomia sintética, mas os que trabalham com excelência utilizam anatomia fresca”, acrescenta.

Por outro lado, ele destaca o rigor com que essas instituições precisam tratar as peças cadavéricas, no que tange controle de segurança e preservação da identidade dos doadores.

“Em nosso centro, por exemplo, não é permitido o uso de celulares e temos revistas para preservar a identidade da peça”, afirma.



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